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A Sétima Trombeta e a Transferência dos Reinos
Introdução
Uma das perguntas mais profundas no coração do cristianismo é: quando, finalmente, o governo, a cultura e os povos deste mundo se submeterão ao senhorio de Jesus Cristo? Não se trata de uma conquista política ou de uma dominação cultural gradual, mas de um evento cósmico e definitivo, profetizado nas Escrituras. A Bíblia não apenas confirma que este dia chegará, mas também nos revela o momento exato em que essa transição de poder ocorrerá.
Analisando as visões proféticas de Daniel no Antigo Testamento e de João em Apocalipse, descobrimos um quadro claro e consistente. Este estudo mergulhará nessas passagens para entender o “quando” e o “como” dessa promessa, e extrair lições vitais para nossa vida hoje.
1. O Anúncio Celestial: O Toque da Sétima Trombeta
O ponto central do anúncio ocorre no livro de Apocalipse. Após uma série de juízos (selos e trombetas), o clímax é alcançado com o soar do último instrumento. É neste momento que uma proclamação ecoa dos céus, não como uma esperança futura, mas como um fato consumado.
Base Bíblica: “O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.” (Apocalipse 11:15)
A linguagem aqui é crucial. A voz não diz “se tornará”, mas “se tornou”. Do ponto de vista celestial, no momento em que a sétima trombeta soa, a transferência de autoridade é oficial e irrevogável. O domínio que Satanás usurpou (referido como “o príncipe deste mundo” em João 12:31) e que os reinos humanos exerceram em rebelião é legalmente transferido para seu legítimo herdeiro: Jesus Cristo.
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2. A Visão de Daniel: A Origem da Promessa
O que João ouve em Apocalipse, o profeta Daniel já havia visto em visão séculos antes. Essa consistência profética fortalece a veracidade da promessa. Daniel descreve uma cena no tribunal celestial onde o “Filho do Homem” (um título que Jesus frequentemente usava para Si mesmo) se aproxima do “Ancião de Dias” (Deus Pai) para receber autoridade universal.
Base Bíblica: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem; ele se dirigiu ao Ancião de Dias e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado o domínio, e a glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.” (Daniel 7:13-14)
Esta passagem é a base para o evento de Apocalipse 11. Ela estabelece que o reino não é tomado à força na Terra, mas é solenemente concedido a Cristo no céu. A Sua vinda gloriosa à Terra é a execução dessa autoridade já recebida.
3. O Tempo do Cumprimento: A Vinda do Filho do Homem
Se o reino é dado a Cristo no céu, quando isso se manifesta visivelmente na Terra? O próprio Jesus conecta os pontos em seu sermão profético no Monte das Oliveiras. Ele descreve o momento exato em que o mundo testemunhará Sua coroação.
Base Bíblica: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória.” (Mateus 24:29-30)
Jesus é enfático: Sua vinda gloriosa, visível a todos, ocorrerá “logo em seguida à tribulação”. Isso alinha perfeitamente os eventos: a sétima trombeta, que faz parte do clímax da tribulação, anuncia a transferência do reino, que é executada pela vinda física e gloriosa de Cristo para governar.
4. O Reino Compartilhado: O Privilégio da Igreja
A parte mais extraordinária dessa promessa é que ela não é apenas para Cristo, mas também para aqueles que são d’Ele. A autoridade de reinar é compartilhada com a Igreja, os “vencedores” que permaneceram fiéis.
Base Bíblica:
- “Ao vencedor, que guardar até o fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações. E com cetro de ferro as regerá…” (Apocalipse 2:26-27)
- “…vi tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar… Eles viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. …serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos.” (Apocalipse 20:4, 6)
Isso revela que não seremos meros espectadores no Reino de Cristo. Como co-herdeiros (Romanos 8:17), participaremos ativamente de Seu governo justo e eterno.
Conclusão:
Compreender essa cronologia profética não é um mero exercício intelectual; tem implicações profundas para nossa caminhada diária.
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Viver com Esperança Inabalável: Em um mundo de instabilidade política, corrupção e caos, sabemos o final da história. Os reinos humanos são temporários e falhos, mas o Reino de Cristo é eterno e perfeito. Isso nos dá uma perspectiva que transcende as manchetes do dia e nos enche de esperança.
- Buscar a Santidade com Propósito: A promessa de reinar com Cristo é para “o vencedor”. Isso nos motiva a lutar contra o pecado, a cultivar a fidelidade e a viver uma vida que honra o Rei a quem serviremos. Nossa santidade hoje é um preparo para a autoridade que receberemos amanhã.
- Abraçar a Missão com Urgência: Se sabemos que o Rei está vindo para estabelecer Seu Reino, nossa principal tarefa como Seus embaixadores é proclamar as boas-novas. Cada pessoa que alcançamos para Cristo é um futuro cidadão desse Reino eterno. A profecia não nos leva a nos isolarmos, mas a nos engajarmos na Grande Comissão (Mateus 28:18-20) com fervor.
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Manter a Vigilância com Alegria: Jesus nos advertiu a vigiar, pois não sabemos o dia nem a hora. Essa vigilância não é baseada no medo, mas na alegre expectativa do noivo que aguarda a chegada da noiva. Vivemos prontos, com nossas “lâmpadas acesas”, ansiosos pelo dia em que as vozes celestiais declararão: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo!”.
Deus abençoe ricamente a sua vida!
Até a próxima!